Exclusivo do Site Nacional de Skate
A verdadeira História do Skateboarding em Portugal
Capítulo VI
ANO 2021
Uma Liga de Luxo mas Skateparks ao abandono
Se tivéssemos que descrever o ano de 2021 numa só frase, seria: o contraste do luxo para alguns, e as dificuldades para quase todos.
A 25 de Março de 2021 foi anunciado em primeira mão na comunicação social a Liga Pro Skate, mas estranhamente somente muito mais tarde surgiu o anúncio oficial da FPP através do seu site.
Foi Paulo Ribeiro (CEO da LPS, e pai dos atletas Gustavo e Gabriel Ribeiro) quem se encarregou de promover a Liga Pro Skate através de meios de comunicação não oficiais da FPP, e usando figuras públicas como por exemplo o jogador de râguebi Gonçalo Uva
nomeando-o “embaixador do skate” (pessoa que posteriormente nunca viria a marcar presença em qualquer evento, assim como tantas outras figuras nomeadas).
Tudo isto causou imensa confusão nos skaters dado que por um lado existiam notícias desta competição na comunicação social, mas por outro lado na FPP ninguém confirmava oficialmente a existência desta competição, nem como iria funcionar.
Notícia no Jornal RECORD: https://www.record.pt/modalidades/detalhe/portugal-estreia-liga-pro-skate-a-pensar-no-desenvolvimento-ate-jogos-olimpicos-paris2024
Nessa altura Paulo Ribeiro fez a diversos órgãos de comunicação social a seguinte afirmação:
"Atualmente, temos cerca de 350 atletas federados, contudo são 80.000 os praticantes ativos no Continente e ilhas. O projeto prevê que atinjamos os 10.000 federados antes de Paris 2024".
As etapas anunciadas foram ,7 sob o lema de “7 Cidades 7 etapas”
Porto - 6 a 9 de maio, no Skate Park de Ramalde;
Aveiro - 17 a 20 de junho;
Almada - 1 a 4 de julho;
Cascais - 15 a 18 de julho;
Faro - 9 a 12 setembro;
Mealhada - 23 a 26 de setembro;
Lisboa - 28 a 31 de outubro.
Live heats das etapas: https://liveheats.pt/LIGAPROSKATE/events
No entanto, destas 7 etapas anunciadas 2 não foram cumpridas, mais precisamente as etapas da Mealhada e Faro, que desapareceram misteriosamente sem que a FPP apresentasse até hoje qualquer justificação para tal.
Perante o silêncio da FPP sobre o incumprimento do que eles próprios se propuseram fazer, o Site Nacional de Skate contactou as Câmaras Municipais da Mealhada e de Faro no início deste ano de 2022 para tentar obter esclarecimentos.
Até à altura da publicação deste artigo não recebemos qualquer resposta oficial, pelo que não nos foi possível apurar se estas 2 etapas foram canceladas por algum motivo, ou pior do que isso, se foram anunciadas pela FPP sem nunca ter havido autorização prévia das CM da Mealhada e Faro.
Intrigante é também o facto da “imagem” desta competição ter mudado 3 vezes enquanto decorreu.
Mas talvez mais intrigante do que fazer desaparecer 2 etapas sem dar justificações, ou mudar várias vezes de imagem, foi a 7ª etapa (5ª na realidade) de Lisboa ter sido transformada num “European Open”, e cujo objetivo foi “atrair” atletas estrangeiros.
Impõem-se então as seguintes perguntas:
O prize money que estava previsto para ser distribuído igualitariamente por 7 etapas nacionais, foi alterado para “acomodar” uma prova internacional nunca prevista no circuito?
Foi para terem uma prova com atletas estrangeiros que “retiraram” 2 etapas nacionais?
O prize money dessas 2 etapas nacionais “canceladas” foi usado para pagar a mais na prova internacional?
Estas são perguntas muito incómodas, e que até agora continuam sem resposta.
Mas há ainda outras situações que levantam questões regulamentares, vejamos:
Pode alguém ser campeão nacional sem ter nascido nesse país? Pode, se for naturalizado ou tiver dupla nacionalidade.
Atentemos então em 2 casos interessantes:
O 1º caso é o de Virginia Fortes Águas que foi considerada campeã Portuguesa mas é cidadã Brasileira, falhou o apuramento para os Jogos Olímpicos de 2020 pelo Brasil, e está agora a tentar apurar-se para os Jogos Olímpicos de 2024. Durante o ano de 2021 competiu simultaneamente em Portugal e no Brasil, mas tanto quanto se sabe não tem dupla nacionalidade, e até ao momento não foi naturalizada Portuguesa.
O 2º caso é o do menino Dom Piovani Vianna (nascido no Brasil e filho do famoso surfista Brasileiro Pedro “Scooby”) que foi considerado campeão Português no escalão Sub-10 mas conseguiu obter a nacionalidade Portuguesa na véspera, mesmo a tempo para poder receber o título, embora tenha feito todas as provas nas quais pontuou sendo ainda cidadão Brasileiro.
NOTE-SE BEM: Temos o maior apreço pelos nossos irmãos e irmãs Brasileiros, e o maior gosto em recebê-los no nosso país, além disso também somos da opinião de que é positivo termos a competir no nosso país estrangeiros de nível superior, para que os nossos e nossas atletas se sintam estimulados e também eles e elas elevem o seu nível de skate. Dito isto, achamos absolutamente necessário encontrar um ponto de equilíbrio que possibilite igualdade de oportunidades para todos.
Mas de todas as situações, a mais grave é sem dúvida a da eventual promiscuidade e conflito de interesses dos juízes que compõem a Liga Pro Skate, visto que alguns deles são pais de atletas que nela competem.
Bruno Jonet e João Godinho confessaram no nosso IG que no passado ajuizaram os seu próprios filhos, (ver mensagens escritas).
Outros juízes são Professores de Skate fora da LPS como por exemplo Flávio Coelho, Laís Reis, Athos Porto, entre outros, e eventualmente sujeitam-se a poder estar ali na condição de juízes a avaliar atletas que podem ser seus alunos cá fora.
Já escrevemos isto no passado e voltaremos a repetir as vezes que for necessário: Para que haja igualdade de oportunidades, tem de haver total isenção e imparcialidade dos juízes, portanto não é desejável que pessoas com este tipo de ligações pessoais possam exercer a função de juízes. Os atletas não podem competir psicologicamente condicionados sabendo que terão menos hipóteses de ganhar só porque não são filhos ou alunos dos juízes, da mesma forma que os juízes não podem estar condicionados a dar notas mais baixas aos seus filhos ou alunos só para não serem acusados de os beneficiar.
Após a confissão de Bruno Jonet, a LPS parece ter aparentemente reagido e o mesmo não voltou a ser visto na bancada dos júris.
Curiosamente em relação a João Godinho nada aconteceu, e a LPS manteve-o no cargo, no entanto, e contrariamente a Bruno Jonet que tem um passado no Skateboarding, João Godinho não tem qualquer passado na prática do Skateboarding, mas afirma no seu LinkedIn ter sido Bodyboarder, Surfista que dá aulas de surf numa Escola de Surf do Litoral Alentejano, afirma ter uma Escola de Skate e foi Editor numa Revista Pornográfica(!), e por isso, conforme se pode constatar nos estatutos da World Skate jamais poderia desempenhar o cargo de juíz.
Link dos requerimentos: http://www.skateboarding.worldskate.org/news/1477-understanding-skateboarding-judging.html
A Liga Pro Skate tem o mérito de ter conseguido trazer uma grande logística para o seu circuito, aplicando as centenas de milhares de Euros que recebeu em financiamentos públicos a copiar a SLS (Street League Skate), algo que os responsáveis da LPS assumem publicamente com orgulho dizendo que o “sucesso é para ser copiado”.
Ficamos muito felizes que tenham conseguido angariar tanto capital público para a sua prova, mas ao mesmo tempo ficamos muito tristes pelos nossos skateparks públicos um pouco por todo o Portugal não receberem o mesmo “carinho”, e estarem muitos deles votados ao quase total abandono por parte dos nossos Autarcas (ver HALL of SHAME ).
2021 foi também o ano em que surgiram muitos negócios camuflados. De norte a sul do país assistimos à criação apressada de diversas “Associações/Comunidades” supostamente destinadas a defender causas muito nobres, mas que na realidade todas elas tiveram (e têm) lojistas e/ou pseudo-profissionais por trás, cuja verdadeira finalidade é venderem os seus produtos/serviços, tentando transformar os membros destas Comunidades em seus clientes.
Desde a falta de inclusão no skate, passando pelo racismo, homofobia e terminando no feminismo, todas as causas serviram para se montarem esquemas de caça ao financiamento dos dinheiros públicos. Qualquer verdadeiro skater sabe que o único desporto do planeta Terra que foi desde o dia em que nasceu o mais incluso em relação a todas as raças, sexos, credos, ou classes, foi e é o Skateboarding!
Qualquer verdadeiro skater percebe que não existindo nenhum destes problemas no skate, estas pseudo-associações necessitam de repetir muitas vezes um discurso de ódio para que pareça “verdade”, justificando assim a sua existência e os seus pedidos de financiamento.
O Skateboarding é inclusão, é igualdade, é humildade, é solidariedade, e quem apregoa o contrário não é skater.
A única desigualdade que existiu em 2021 foi entre o luxo da LPS e o país real onde os Skateparks Portugueses se degradam todos os dias sem manutenção.
Ainda assim Gustavo Ribeiro felizmente teve tempo para ir aos Jogos Olímpicos de Tóquio ficar em 8º lugar, teve tempo para ir aos USA ganhar uma etapa da Tour do SLS em Salt Lake City, e voltar a tempo a Portugal para receber das mãos do seu pai Paulo Ribeiro (CEO da LPS) o troféu de campeão LPS Lisboa Pro European Open.
Assim foi o Skateboarding em Portugal no ano de 2021.
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O próximo capítulo de “A verdadeira História do Skateboarding em Portugal" será lançado em breve, por isso estejam atentos e até lá continuem a acompanhar todas as notícias da atualidade sobre Skateboarding no nosso site sitenacionaldeskate.pt , e no nosso Instagram @sitenacionaldeskate
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